Na Flor da Aldêa, em qualquer modalidade, a intervenção segue 7 passos essenciais:
É o primeiro contato com a criança e sua família para entender as necessidades da criança e estabelecer um ambiente de confiança e empatia. Também é o momento de apresentar o modelo de serviços da Flor da Aldêa.
Envolve a análise do repertório da criança em diferentes contextos para identificar habilidades, necessidades, preferências e os comportamentos-alvo para intervenção. Utiliza-se uma variedade de instrumentos e métodos, como observações diretas, entrevistas com os cuidadores e avaliações padronizadas.
Com base nas informações coletadas na avaliação, é desenvolvido um plano de tratamento personalizado, que detalha objetivos específicos, estratégias de ensino e intervenções comportamentais adaptadas às necessidades únicas da criança.
Antes de implementar o PTI, este é revisado e discutido com os familiares ou cuidadores da criança para garantir que as metas sejam relevantes e realistas, visando promover o envolvimento ativo da família no processo terapêutico.
Este passo envolve a aplicação prática das estratégias e intervenções definidas no PTI, com foco nos objetivos de ensino estabelecidos. As sessões são conduzidas por profissionais treinados, utilizando técnicas baseadas em evidências para promover o aprendizado e o desenvolvimento da criança.
Ao longo da intervenção, o progresso em direção aos objetivos estabelecidos é monitorado continuamente. Isso é feito por meio da coleta sistemática de dados sobre o comportamento da criança e suas habilidades de aprendizagem, permitindo ajustes oportunos nas estratégias de ensino.
Com base nos dados de monitoramento e no retorno dos familiares e da equipe terapêutica, o PTI pode ser ajustado periodicamente para refletir o progresso da criança, enfrentar novos desafios ou redefinir prioridades. Esta é uma fase essencial para garantir que a intervenção permaneça relevante e eficaz ao longo do tempo.
A Análise do Comportamento Aplicada, popularmente conhecida como ABA – Applied Behavior Analysis – é definida por alguns autores como uma dimensão da Análise do Comportamento e por outros autores como uma ciência em si mesma, porém, o que todos concordam é que a ABA é uma ciência voltada à pesquisa aplicada e oferta de serviços que tem como objetivos identificar as variáveis do ambiente que influenciam comportamentos socialmente relevantes e desenvolver tecnologias eficazes para modificá-los.
A ABA é aplicável em diversas áreas como educação, organizações empresariais, trânsito, relacionamentos, entre outros, mas tornou-se amplamente conhecida pelas intervenções para pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A eficácia destas intervenções tem sido documentada há algumas décadas tanto para procedimentos específicos (focados) quanto para modelos abrangentes de intervenção.
A expressão “ABA de verdade” tornou-se popular entre profissionais e familiares de pessoas com autismo e se refere à qualidade na prestação dos serviços de intervenção em ABA.
Existem parâmetros claros e objetivos sobre sete qualidades que uma intervenção deve apresentar para que seja identificada como ABA. No quadro abaixo, há um resumo sobre cada uma delas.
Indica que as intervenções devem ter um enfoque prático e resultar em um impacto socialmente significativo para indivíduo.
As metas de intervenção devem ser definidas operacionalmente de acordo com aspectos mensuráveis que permitam uma quantificação confiável da mudança de comportamento.
Refere-se à tomada de decisões clínicas baseadas em dados mensuráveis.
Refere-se à descrição detalhada das técnicas de intervenção para que aplicadores treinados possam replicar os procedimentos e produzir resultados semelhantes.
Refere-se às práticas de intervenção serem consistentes com os princípios da ciência do comportamento.
Os dados devem mostrar que os procedimentos de intervenção estão atingindo o resultado esperado no comportamento alvo.
Refere-se à noção de que as intervenções devem resultar em uma mudança de comportamento que perdure ao longo do tempo e ocorra em vários ambientes e com pessoas diferentes.
Essas são as sete dimensões da ABA postuladas desde 1968 por Baer, Wolf e Risley e que seguem como importantes parâmetros para que as pessoas que recebem os serviços verifiquem se trata-se realmente de uma intervenção em ABA.
Contudo, há ainda outras práticas que devem ser observadas quanto às intervenções “ABA de verdade” para o autismo, como a aplicação ser realizada por profissionais devidamente qualificados; a realização de avaliações objetivas e abrangentes que analisem como o ambiente influencia o comportamento do cliente; o respeito aos valores e crenças dos clientes; a transparência dos dados e das práticas aplicadas aos clientes; a participação da família no processo terapêutico; e a permanente consideração de questões éticas profissionais.
O ESDM (Early Start Denver Model) é uma abordagem de intervenção para crianças autistas, com idades entre 12 e 60 meses, que inclui um conjunto específico de procedimentos de tratamento e um currículo de habilidades que abrange múltiplas áreas do desenvolvimento.
Os fundamentos teóricos do ESDM incluem a aprendizagem experiencial ativa, a motivação para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil. Neste contexto, o ensino de habilidades e o gerenciamento de comportamentos indesejados são promovidos usando princípios de condicionamento operante e estratégias derivadas do PRT (Pivotal Response Training).
A implementação do ESDM inclui a criação de objetivos de aprendizagem mensuráveis com base na avaliação abrangente do repertório comportamental da criança (ESDM Curriculum Checklist). Os progressos da criança são registrados sistematicamente e analisados de acordo com os critérios definidos nos programas de ensino.
O ESDM foi projetado para ser implementado por equipes transdisciplinares incluindo Analistas do Comportamento, profissionais da saúde, professores de primeira infância e familiares em vários ambientes e formatos de intervenção.
Em artigo publicado na revista científica Behavior Analysis in Practice, publicado pela ABAI (Association for Behavior Analysis International), Vivanti e Stahmer (2020) analisaram a literatura sobre o ESDM em relação às 7 dimensões da ABA estabelecidas por Baer, Wolf e Risley (1968).
Os pesquisadores não encontraram qualquer desvio entre as práticas do ESDM e os princípios da ABA, inclusive indo além da conformidade com as 7 dimensões e afirmando que o Modelo Denver atende a parâmetros adicionais da ABA para o tratamento do autismo, que incluem:
(a) uma avaliação objetiva que abrange a observação de como o ambiente afeta o comportamento;
(b) a importância de compreender o contexto do comportamento e sua validade social;
(c) o uso dos princípios e procedimentos da ABA para melhorar a saúde, a independência e a qualidade de vida dos clientes;
(d) avaliação e análise de dados consistentes, contínuas e objetivas para informar a tomada de decisões.
Portanto, o “Modelo Denver ESDM é projetado para atender a esses parâmetros e pode, portanto, ser situado dentro do cenário de programas analíticos comportamentais aplicados” (Vivanti; Stahmer, 2020, p. 235).
Vivanti, G., & Stahmer, A. C. (2020). Can the Early Start Denver Model Be Considered ABA Practice?. Behavior analysis in practice, 14(1), 230–239. https://doi.org/10.1007/s40617-020-00474-3.
PDF: O modelo Early Start Denver pode ser considerado uma prática ABA?
Baer, D. M., Wolf, M. M., & Risley, T. R. (1968). Some current dimensions of applied behavior analysis. Journal of applied behavior analysis, 1(1), 91–97. https://doi.org/10.1901/jaba.1968.1-91
PDF: ALGUMAS DIMENSÕES ATUAIS DA ANÁLISE COMPORTAMENTAL APLICADA
Faça parte dessa coletividade de amor, ciência comportamental, ética e desenvolvimento humano. Estamos prontos para oferecer o tratamento individualizado, abrangente e acolhedor que sua criança merece.